Ano novo, metas renovadas. Entre as mais populares, a promessa de uma rotina de exercícios físicos lidera as listas de resoluções. Mas por que, para a maioria das pessoas, essa meta se dissolve com o passar dos meses?
De acordo com o neurocirurgião Luiz Severo, a resposta está menos na força de vontade e mais na forma como o cérebro é programado para enxergar a prática esportiva.
Um estudo recente publicado por pesquisadores de Harvard, intitulado “Exploring Novel Determinants of Exercise Behavior” analisou mais de 13 mil pessoas acima dos 50 anos e trouxe um dado surpreendente: o fator mais determinante para manter a regularidade nos exercícios não foi a disciplina ou a condição socioeconômica, mas sim o envolvimento dos indivíduos em atividades de impacto social, como o voluntariado e o apoio a amigos.
A pesquisa sugere que o cérebro responde melhor à motivação ligada a um propósito maior do que simplesmente ao desejo de um corpo saudável.
“O cérebro humano não busca disciplina por si só. Ele precisa de um significado por trás das ações. Quando a prática de exercícios está atrelada a um propósito claro — como viver mais para acompanhar o crescimento dos filhos ou manter a independência na terceira idade —, a adesão se torna mais natural, pois ativa o sistema de recompensa cerebral”, explica Luiz Severo.
Fatores essenciais para manter a prática: motivação e apoio social
Além do propósito, o estudo reforça a importância de fatores como suporte social, motivação intrínseca e autoeficácia. A presença de amigos e familiares no processo torna a atividade física mais prazerosa e menos cansativa, enquanto a crença na própria capacidade de realizar os exercícios impulsiona a continuidade. Pequenas vitórias, como completar um treino ou melhorar a performance, alimentam esse ciclo positivo e evitam o abandono precoce da prática.
Transformando a atividade física em um prazer: a chave da reprogramação cerebral
Segundo Luiz Severo, a chave para transformar a atividade física em um hábito duradouro é reprogramar o cérebro para associá-la a um benefício emocional profundo.
“Quando conectamos o exercício ao que realmente valorizamos, ele deixa de ser um sacrifício e se torna parte da identidade. Criar um ambiente favorável, rodear-se de estímulos positivos e celebrar pequenas conquistas são estratégias eficazes para essa mudança”, pontua.
Hábitos sustentáveis através da neurociência do comportamento
Para quem deseja, de fato, manter a rotina de treinos em 2025, a neurociência do comportamento oferece um caminho claro: menos autocobrança e mais significado. Ao encontrar um motivo maior para se movimentar, a prática se torna um prazer sustentado — e não apenas mais uma promessa de ano novo esquecida no meio do caminho.
[15:32, 29/01/2025] Milena Sousa Cdl: Luiz Severo é neurocirurgião especialista no tratamento avançado da dor crônica. É coordenador do Centro Paraibano de Dor (Cepdor), professor de pós-graduação em medicina da dor da Unifacisa e membro do programa de Jovens Lideranças Médicas da Academia Nacional de Medicina.
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