Se condenado, Trump perde os benefícios concedidos a ex-presidentes. Além disso, os senadores podem analisar se o republicano poderia perder, de forma permanente, seus direitos políticos.
Trump deve ficar na Presidência até 20 de janeiro, quando o democrata e presidente eleito Joe Biden tomará posse.
O PEDIDO DE IMPEACHMENT
Após a invasão ao Capitólio por seus apoiadores na última semana, Donald Trump passou a ser pressionado a deixar o governo seja por renúncia, pela evocação da 25ª Emenda da Constituição norte-americana ou por processo de impeachment.
Nessa 3ª feira (12.jan.2021), o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, rejeitou convocar a 25ª Emenda para retirar Trump do cargo. A legislação, ratificada em 1967, trata de situações nas quais um presidente está inapto para continuar no cargo, mas não se demite. Abrange doenças físicas e mentais.
A proposta de impeachment do presidente norte-americano foi apresentada na 2ª feira (11.jan.2021) por representantes do Partido Democrata.
No pedido (íntegra em inglês – 31KB), os democratas alegam que as declarações falsas de Trump de que ele ganhou a eleição e seu discurso em 6 de janeiro incentivaram apoiadores a invadirem o Capitólio.
O documento também cita a ligação de Trump para o secretário de Estado republicano da Geórgia, onde o presidente norte-americano o pressionou a “encontrar” votos suficientes para que ele pudesse ganhar de Joe Biden no Estado.
“Em tudo isso, o presidente Trump colocou em risco a segurança dos Estados Unidos e de suas instituições governamentais”, diz o texto. “Ele ameaçou a integridade do sistema democrático, interferiu na transição pacífica de poder e pôs em perigo um ramo co-igual do governo. Com isso, ele traiu sua confiança como presidente, para prejuízo manifesto do povo dos Estados Unidos.”
Nessa 3ª feira (12.jan), antes de embarcar para o Texas, Trump, negou qualquer responsabilidade pela invasão ao Capitólio. Também disse que seu discurso durante um comício em 6 de janeiro, antes do ataque, foi “totalmente apropriado”.
“As pessoas acharam que o que eu disse era totalmente apropriado, e se você olhar o que outras pessoas disseram, políticos de alto nível, sobre os distúrbios durante o verão, os horríveis distúrbios em Portland e Seattle e vários outros lugares, isso foi um problema real, o que eles disseram ”, afirmou o presidente norte-americano a jornalistas na Base Conjunta Andrews.
Trump também criticou o pedido de impeachment. Disse que é “absolutamente ridículo” que a Câmara esteja buscando avançar rápido com o processo e acusá-lo de incitar uma insurreição.
Após a invasão ao Capitólio, o presidente norte-americano também teve suas contas banidas ou suas publicações restringidas por ao menos 12 empresas de mídias sociais, que alegaram temer que as postagens de Trump incitem ainda mais a violência.
Trump ficou em silêncio depois de ter seus perfis bloqueados. Na 3ª (12.jan), ele falou pela 1ª vez sobre a questão: “É realmente uma coisa terrível o que eles estão fazendo”. Para Trump as “big techs cometeram um erro terrível” ao bani-lo das redes sociais.
TRUMP PODE SER INVESTIGADO POR INVASÃO
Trump, seu filho Donald Trump Jr, e seu advogado e ex-prefeito de Nova York Rudy Giuliani podem ser investigados por incitarem a invasão ao Capitólio.
Em entrevista à emissora ABC, o procurador-geral de Washington DC, Karl Racine, afirmou que o trio ajudou a disseminar a ideia de “justiça combativa” nos manifestantes.
“Donald Trump Jr., Giuliani e até mesmo o presidente dos Estados Unidos, convocaram apoiadores e grupos de ódio para ir ao Capitólio (…) Vamos investigar não apenas os criminosos, mas também aqueles que invocaram a violência”, disse Racine.
Segundo o jornal New York Post, o Departamento de Justiça dos EUA avalia apresentar acusações contra Trump após o dia 20 de janeiro, quando ele deixar a presidência e voltar a ser considerado um cidadão comum.
“Qualquer pessoa que tiver desempenhado um papel, e com evidências que se encaixem nos elementos de um crime, será acusada”, disse o procurador Michael Sherwin.