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A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou nesta 4ª feira (13.jan.2021) o pedido de impeachment do presidente Donald Trump. Para que o afastamento do cargo seja oficializado, é preciso que o Senado aprove a medida.

O processo foi aprovado por 231 votos a favor, com 197 contrários. Do total de votos favoráveis, 10 são de deputados republicanos, mesmo partido do presidente. Até a última atualização desta reportagem, eram esperados os votos de 5 deputados.

O pedido de impeachment de Trump foi motivado pelas declarações do presidente no dia da invasão ao Capitólio, sede do Congresso norte-americano. Opositores consideram que ele incitou o ato, que deixou 5 pessoas mortas, além de diversos feridos, e colocou em risco congressistas.

Se aprovado pelo Congresso, Trump será o 1º presidente na história dos Estados Unidos a sofrer duas acusações de impeachment. Em dezembro de 2019, o republicano foi a julgamento uma vez na Câmara, controlada pelos democratas, por pressionar o líder da Ucrânia a encontrar podres políticos sobre Joe Biden, na época seu provável adversário nas eleições presidenciais de 2020. O presidente, porém, foi absolvido pelo Senado, de maioria republicana.

Se condenado, Trump perde os benefícios concedidos a ex-presidentes. Além disso, os senadores podem analisar se o republicano poderia perder, de forma permanente, seus direitos políticos.

Trump deve ficar na Presidência até 20 de janeiro, quando o democrata e presidente eleito Joe Biden tomará posse.

O PEDIDO DE IMPEACHMENT

Após a invasão ao Capitólio por seus apoiadores na última semana, Donald Trump passou a ser pressionado a deixar o governo seja por renúncia, pela evocação da 25ª Emenda da Constituição norte-americana ou por processo de impeachment.

Nessa 3ª feira (12.jan.2021), o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, rejeitou convocar a 25ª Emenda para retirar Trump do cargo. A legislação, ratificada em 1967, trata de situações nas quais um presidente está inapto para continuar no cargo, mas não se demite. Abrange doenças físicas e mentais.

A proposta de impeachment do presidente norte-americano foi apresentada na 2ª feira (11.jan.2021) por representantes do Partido Democrata.

No pedido (íntegra em inglês – 31KB), os democratas alegam que as declarações falsas de Trump de que ele ganhou a eleição e seu discurso em 6 de janeiro incentivaram apoiadores a invadirem o Capitólio.

O documento também cita a ligação de Trump para o secretário de Estado republicano da Geórgia, onde o presidente norte-americano o pressionou a “encontrar” votos suficientes para que ele pudesse ganhar de Joe Biden no Estado.

“Em tudo isso, o presidente Trump colocou em risco a segurança dos Estados Unidos e de suas instituições governamentais”, diz o texto. “Ele ameaçou a integridade do sistema democrático, interferiu na transição pacífica de poder e pôs em perigo um ramo co-igual do governo. Com isso, ele traiu sua confiança como presidente, para prejuízo manifesto do povo dos Estados Unidos.”

Nessa 3ª feira (12.jan), antes de embarcar para o Texas, Trump, negou qualquer responsabilidade pela invasão ao Capitólio. Também disse que seu discurso durante um comício em 6 de janeiro, antes do ataque, foi “totalmente apropriado”.

“As pessoas acharam que o que eu disse era totalmente apropriado, e se você olhar o que outras pessoas disseram, políticos de alto nível, sobre os distúrbios durante o verão, os horríveis distúrbios em Portland e Seattle e vários outros lugares, isso foi um problema real, o que eles disseram ”, afirmou o presidente norte-americano a jornalistas na Base Conjunta Andrews.

Trump também criticou o pedido de impeachment. Disse que é “absolutamente ridículo” que a Câmara esteja buscando avançar rápido com o processo e acusá-lo de incitar uma insurreição.

Após a invasão ao Capitólio, o presidente norte-americano também teve suas contas banidas ou suas publicações restringidas por ao menos 12 empresas de mídias sociais, que alegaram temer que as postagens de Trump incitem ainda mais a violência.

Trump ficou em silêncio depois de ter seus perfis bloqueados. Na 3ª (12.jan), ele falou pela 1ª vez sobre a questão: “É realmente uma coisa terrível o que eles estão fazendo”. Para Trump as “big techs cometeram um erro terrível” ao bani-lo das redes sociais.

TRUMP PODE SER INVESTIGADO POR INVASÃO

Trump, seu filho Donald Trump Jr, e seu advogado e ex-prefeito de Nova York Rudy Giuliani podem ser investigados por incitarem a invasão ao Capitólio.

Em entrevista à emissora ABC, o procurador-geral de Washington DC, Karl Racine, afirmou que o trio ajudou a disseminar a ideia de “justiça combativa” nos manifestantes.

“Donald Trump Jr., Giuliani e até mesmo o presidente dos Estados Unidos, convocaram apoiadores e grupos de ódio para ir ao Capitólio (…) Vamos investigar não apenas os criminosos, mas também aqueles que invocaram a violência”, disse Racine.

Segundo o jornal New York Post, o Departamento de Justiça dos EUA avalia apresentar acusações contra Trump após o dia 20 de janeiro, quando ele deixar a presidência e voltar a ser considerado um cidadão comum.

“Qualquer pessoa que tiver desempenhado um papel, e com evidências que se encaixem nos elementos de um crime, será acusada”, disse o procurador Michael Sherwin.

Poder 360

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