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Segundo sociólogo, torcidas organizadas não podem ser totalmente responsabilizadas por brigas nas arquibancadas

Os episódios de violência nos estádios brasileiros têm ocupado de forma recorrente os noticiários. O mais recente deles aconteceu nesta semana, no Rio de Janeiro. Enquanto Flamengo e Independiente se preparavam para disputar a final da Copa Sul-Americana, torcedores rubro-negros se reuniram na frente do hotel do time argentino, soltaram fogos e provocaram baderna na terça (12). No dia do jogo, mais cenas de selvageria: invasões, quebra-quebra e agressões tomaram conta das ruas próximas ao Maracanã.

Segundo o promotor do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), Luiz Antonio Ayres, os torcedores que praticaram crimes já foram identificados, serão denunciados e julgados de acordo com o Código Penal e o Estatuto do Torcedor. No entanto, Ayres lamenta que, na maioria dos casos, os envolvidos não sofram punições severas.

“O grande problema, que é um problema um pouco mais profundo, é que a nossa legislação é muito frágil e muito benevolente com vários tipos de crimes que são praticados corriqueiramente nos nossos estádios. Então uma briga, por exemplo, que não tem um resultado mais grave, a pessoa que provocou a briga é punida com pagamento, incluindo a cesta básica, eventualmente uma suspensão do direito de assistir o jogo durante algumas semanas”.

O sociólogo Maurício Murad, que estuda o fenômeno da violência no esporte mais praticado no Brasil, afirma que o problema é social e discorda do argumento de que as torcidas organizadas são as únicas responsáveis por brigas e mortes nas arquibancadas.

“Não adianta acabar com as torcidas organizadas porque a alegação é que as torcidas organizadas fugiram dos seus trilhos originais. Se todas as instituições que fugiram dos trilhos originais nós fôssemos acabar com elas no Brasil, o que faríamos com a Justiça, com a saúde pública, com o Congresso Brasileiro, com a educação? Então não é por aí. Se a Constituição Brasileira diz que o esporte é um direito do cidadão e um dever do Estado, cumpra-se o direito do cidadão e cumpra-se o dever do Estado”.

Em fevereiro deste ano, o jogo entre Botafogo e Flamengo, pelo Campeonato Carioca, terminou em tragédia. Nos arredores do Engenhão, no Rio de Janeiro, o torcedor Diego Silva dos Santos, de 28 anos, foi morto com um espeto de churrasco por flamenguistas durante briga nas ruas próximas ao estádio. Por conta do homicídio, o Ministério Público do Rio de Janeiro apresentou uma ação civil pública para que as partidas de futebol entre os quatro grandes do Rio (Flamengo, Fluminense, Vasco e Botafogo) passem a ser realizadas com torcida única, sob pena de aplicação de uma multa de R$ 30 mil por dia em caso de descumprimento. A medida, que visa inibir os casos de violência, já é adotada em São Paulo desde 2016.

Reportagem, Tácido Rodrigues

Fonte: Agência do Rádio

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