O pernambucano Luciano Bivar, fundador do partido de Jair Bolsonaro e principal dirigente do PSL até a entrada do presidenciável, recebeu quase 20% do total do fundo eleitoral da sigla até agora.
Suplente de deputado e candidato à Câmara, ele obteve repasses de R$ 1,8 milhão do partido, valor mais alto do que o total já arrecadado pelo candidato a presidente -R$ 1,3 milhão.
O partido repassou oficialmente a Bolsonaro apenas R$ 334 mil, o que o deixa na condição de presidenciável que recebeu o menor quantia de seu partido, depois de Cabo Daciolo (Patriota) e de Henrique Meirelles, que banca toda a campanha sem apoio do MDB.
Os filhos de Bolsonaro, que concorrem no Rio e em São Paulo, também não receberam recursos nacionais do partido.
Bivar, 73, é empresário e fundou o PSL nos anos 1990 com o então senador Romeu Tuma. Em 2006, concorreu à Presidência pela legenda e ficou em último lugar, entre sete candidatos.
Neste ano, ele faz campanha ligando seu nome a Bolsonaro e explora o fato de ter acolhido o presidenciável na legenda, no início do ano. À época, o militar reformado, rompido com o PSC, procurava uma sigla para concorrer e quase ingressou no partido Patriota.
“Bivar que foi um sujeito decente em um momento em que o capitão precisava de um partido. Ele veio, abriu as portas”, disse o senador Magno Malta (PR-ES) em vídeo exibido pelo candidato a deputado em uma rede social.
Também há uma gravação de apoio do guru do presidenciável para a economia, Paulo Guedes: “Bivar, que emprestou o partido para a candidatura de Jair Bolsonaro, fez um grande favor para o Brasil.”
Neste ano, o diretório de Pernambuco recebeu mais R$ 1 milhão que devem ser destinados a aliados locais de Bivar. A campanha dele é a terceira mais cara do estado no momento, atrás do deputado Eduardo da Fonte e do hoje suplente Fernando Monteiro, ambos do PP.
Em 2014, Bivar arrecadou apenas R$ 464 mil -outros R$ 181 mil foram pagos por seus filhos e pela sua empresa.
O teto de gastos para deputado é R$ 2,5 milhões. Em comparação, os repasses mais altos a candidatos à Câmara dos partidos mais ricos ficam na casa dos R$ 2 milhões, como os destinados a Aécio Neves (MG) pelo PSDB.
O suplente de deputado afirma que recebeu mais verba porque se comprometeu a financiar outras campanhas do estado com esses recursos. Em sua prestação de contas na Justiça Eleitoral, porém, aparecem repasses para outras cinco candidaturas, somando R$ 233 mil. Ele afirma que mais desses repasses devem ser computados no sistema.
“Estou repassando até para candidato a deputado federal do meu próprio partido que concorre comigo”, diz.
Ele afirma que as conversas para a entrada de Bolsonaro no partido não envolveram negociações sobre o financiamento da campanha e que o presidenciável não quis recursos do fundo eleitoral para sua campanha. “É basicamente para viagens, hotel. Os filhos dele não usam.”
O presidente do partido interinamente hoje é Gustavo Bebianno, advogado do Rio de Janeiro e um dos principais articuladores da candidatura.
Os filhos de Bivar continuam sendo membros do diretório nacional do partido. O candidato pernambucano projeta que o partido irá eleger mais de 20 deputados pelo país impulsionado pela candidatura Bolsonaro.

Fonte: Folha de São Paulo