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THIAGO RESENDE, RENATO MACHADO E DANIELLE BRANT
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O Congresso aprovou nesta quarta-feira (16) o projeto de LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) de 2021, que dá os rumos do Orçamento no próximo ano. A proposta agora vai à sanção.

O Ministério da Economia aguardava a aprovação desse texto. Sem a aprovação dessa lei, o governo poderia ficar sem autorização para realizar qualquer despesa, mesmo as obrigatórias, como salários e aposentadorias.

A LDO foi aprovada mesmo com apoio de partidos de oposição, que queriam evitar uma completa paralisação dos serviços públicos, pagamentos de benefícios e programas do governo.

O Orçamento de 2021, que determina as verbas para cada área, no entanto, só deve ser votado pelo Congresso em fevereiro. A proposta orçamentária foi alvo de disputa política entre parlamentares governistas e da ala independente ao Palácio do Planalto, como o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Mas já prevê um mecanismo caso o Orçamento não seja aprovado até dezembro. Assim, se o ano começar sem Orçamento, a LDO autoriza que o governo execute gastos obrigatórios, como despesas de pessoal, e 1/12 do que está previsto em despesas discricionárias – de custeio da máquina pública.

O governo pediu que essa trava fosse flexibilizada, mas o relator do projeto, senador Irajá (PSD-TO), rejeitou a ideia.

A proposta de Lei de Diretrizes Orçamentárias prevê uma meta de déficit público de R$ 247,1 bilhões para o governo federal. Essa estimativa de rombo é maior do que as projeções anteriores, que estavam em torno de R$ 230 bilhões.

Segundo o Ministério da Economia, novos gastos, devido à pandemia, como a compra de vacinas, deverão ainda ser contabilizados no balanço do próximo ano. Por isso, o governo não descarta a possibilidade de novos créditos extraordinários (verba fora do teto de gastos) para enfrentar a Covid-19 em 2021.

O teto de gastos foi criado em 2016, durante o governo do ex-presidente Michel Temer (MDB), e impede que as despesas públicas cresçam acima da inflação.

Por causa do repique na inflação, o governo elevou para R$ 1.088 a projeção de aumento do salário mínimo no próximo ano. Em agosto, a previsão do Ministério da Economia era que o piso salarial subisse do valor atual (R$ 1.045) para R$ 1.067.

O aumento para R$ 1.088 representaria uma elevação de R$ 14,4 bilhões nas despesas públicas do próximo ano, como aposentadorias e pensões.

O projeto da da LDO de 2021 também prevê a criação de uma rubrica específica para emendas do relator do Orçamento, senador Márcio Bittar (MDB-AC).

No Orçamento de 2020, esse instrumento também foi debatido. Os parlamentares destinaram cerca de R$ 30 bilhões para serem usados pelo relator da lei orçamentária deste ano, deputado Domingos Neto (PSD-CE), que passou a controlar uma verba maior que muitos ministérios.

A ideia era que Neto fosse consultado por diversos ministros antes de a pasta aplicar os recursos. O poder dado ao Congresso, que daria o aval à liberação do dinheiro, irritou aliados do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na época.

A proposta de LDO de 2021, no entanto, não prevê regras de controle sobre a verba a ser classificada como emendas de Bittar. Ou seja, o texto não determina que, para o dinheiro ser usado, deverá passar pelo crivo do relator do Orçamento.

Mas permite que o Congresso faça alocações de recursos em programas e obras que podem não ser consideradas prioritárias pelo governo e, em caso de necessidade de mudança no Orçamento ao longo de 2021, o texto limita a possibilidade de uma simples portaria do Ministério da Economia realocar essa verba.

Paraíba Online

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