mulher de 25 anos que confessou ter abandonado o próprio filho recém-nascido em um cemitério em Campina Grandedisse ao delegado que investiga o caso que está arrependida. A família da jovem confirmou que não sabia da gravidez e disse que quer ficar com o bebê. A mãe disse que escondeu a gravidez da família e fez o parto natural sozinha no quarto da casa onde morava com um primo há alguns meses.
O recém-nascido foi encontrado dentro de um saco de lixo no cemitério do bairro José Pinheiro. Após ser encontrado por pessoas que passavam pelo local, o bebê foi levado pelo Corpo de Bombeiros para o Instituto de Saúde Elpídio de Almeida (Isea).
As informações com detalhes sobre o depoimento da suspeita foram divulgadas pelo delegado seccional da Polícia Civil, em Campina Grande, Iasley Almeira, no fim da manhã desta terça-feira (26). Segundo o delegado, ela contou que escondeu a gravidez com medo do que família pudesse fazer ao saber.
“Na madrugada do 22 de julho ela teve o parto natural dentro do quarto onde estava isolada. Após o parto, a criança só não bateu no chão porque o cordão umbilical segurou. Apesar de ter segurado, logo após, o cordão se partiu. Ela envolveu [o bebê] no saco de forma rápida e abandoou”, disse o delegado.
Jovem tem filho e sinais de transtornos
O delegado destacou que a mulher já tem um filho. “Ela se envolveu em um processo de pertubação. A gravidez do primeiro filho se deu dentro da normalidade, segundo relatam todos os familiares que ouvimos. Foi uma gravidez que teve acompanhamento de pré-natal. Já nesse segundo caso, como ela quis esconder, não teve nenhum tipo de acompanhamento”, disse o delegado.
Para esconder a gravidez a mulher saiu da casa dos pais e foi morar com um primo. Segundo o delegado, nos últimos meses ela estava em um processo de isolamento muito grande, com problemas relacionados à higiene pessoal e se alimentando mal. “Ela não sabe quem é o pai. A outra criança é criada por ela, com ajuda de familiares”, destacou Iarley.
Ainda sobre o depoimento, o delegado disse que a mulher demonstra nervosismo e “diz está muito arrependida do que fez”. “Mas mostramos claramente que ela vai ser responsabilizada criminalmente. O distúrbio que possa ter acontecido não vai inibir”, garante. Já está caracterizado o crime de abandono de recém-nascido, que tem pena de 6 meses a 6 anos de prisão, mas a polícia não descarta a possibilidade de caracterização de infanticídio tentado, que é quando a mãe tenta matar o próprio filhos após o parto.
“Foi um milagre a criança ter sobrevivido sem nenhum acompanhamento e ter resistido à chuva e ao frio na madrugada em que foi abandonada”, avalia Iasley.
Para descobrir quem era a mãe da criança, a Polícia Civil contou com informações de moradores, e a casa onde ela estava ainda tinha marcas de sangue. “A mãe saiu de casa ainda ensaguentada. Fizemos uma análise de imagens, fomos em todos os postos de saúde [da região]. Pelo estado da criança e as circunstâncias, sabíamos que a mãe estaria por perto. Fomos em casas, estabelecimentos e nos postos de saúde para tentar o máximo de informações”, explica o delegado.
Bebê sem previsão de alta
O bebê, que foi batizado no hospital de Davi, deixou a UTI neonatal na segunda-feira (24) e foi transferido para o berçário intermediário, onde segue em tratamento com antibióticos nesta quarta-feira (26). Segundo o hospital, o estado de saúde dele é considerado estável, mas não há previsão de alta.
Segundo o Corpo de Bombeiros, a criança foi encontrada ainda com restos de placenta e foi socorrida com hipotermia, quando a temperatura do corpo fica abaixo de 35 ºC por causa do frio, prejudicando o funcionamento dos órgãos.
Juizado avalia caso antes de liberar adoção
De acordo com o Juiz Auxiliar da Vara da Infância e da Juventude de Campina Grande, Hugo Zaher, independente do processo criminal que a mãe vai atravessar, o juizado trata o caso em duas frentes distintas. O primeiro passo é fazer uma identificação da mãe e depois saber se ela deseja ou não ter a guarda da criança. Caso a jovem não manifeste vontade de ficar com o bebê, ele será inserido no Cadastro Nacional de Adoção (CNA).
O segundo panorama é se a mulher ou parentes da família dela manifestarem vontade de ficar com o bebê. Neste caso, também serão feitos estudos para identificar se os familiares têm condições de cuidar da criança e não vão submetê-la ao risco de vulnerabilidade social.
Se comprovado que a mãe ou membros da família não têm condições de criar o bebê, então o Ministério Público pode entrar com uma ação de Destituição Familiar, o que pode fazer com que o menino também vá para o cadastro de adoção.
- CAMPINA GRANDE
- Fonte: CODECOM