Mais de mil mulheres (1.083) foram mortas na Paraíba nos últimos dez anos. Uma média anual de 108 crimes. Os dados são do Anuário da Segurança Pública divulgado nesta quinta-feira (31). Comparando 2017 com 2018 houve aumento no número de casos. No ano passado 84 mulheres foram mortas e, em 2017, foram 78. Nessa quarta, uma jovem de 23 anos foi vítima de um desses crimes de feminicío. Ela teria sido agredida pelo ex-companheiro com pelo menos 50 facadas.
O ano em que mais mulheres foram mortas foi 2011, com 146 casos. Em 2012 foram contabilizados 139. Na sequência os números foram reduzindo passando para 118 (2013), 104 (2014) e, em 2015 voltou a subir indo para 113. Depois os casos reduziram mais uma vez registrando 97, em 2016.
Feminicídio
O feminicídio é um crime de gênero cometido contra mulheres, quando há violência doméstica e familiar, e menosprezo ou discriminação à condição da mulher. A lei foi incluída no Código Penal como uma modalidade de homicídio qualificado e entrou em vigor no dia 9 de março de 2015.
Semana turbulenta na PB
Na semana do dia 26 de janeiro deste ano, em apenas dois dias, quatro casos de violência contra mulheres foram veiculados só pelo Portal Correio. Por causa do alto número, a reportagem procurou a delegada da Mulher de João Pessoa, Wládia Holanda, que disse que não há como traçar uma padronização dos crimes.
Segundo ela, cada caso tem que ser investigado de maneira distinta. “Não existe uma padronização. São motivações diversas. A Polícia Civil tem um papel de investigar crimes”, disse.
Por outro lado, ela ressaltou que devido à Lei Maria da Penha e às informações veiculadas pela imprensa e em escolas, o número de mulheres que procuram as autoridades para denunciar a violência sofrida vem crescendo com o passar dos anos.
Subnotificação dos casos
Apesar da maior procura, a delegada afirmou que ainda há uma subnotificação nos casos, porém menor que já foi antes. Para ela, isso já representa um avanço.
“Diante da disseminação da Lei Maria da Penha, as mulheres estão cada vez mais conscientes dos seus direitos. Sempre existiu a violência, mas tinha o silêncio. O que a gente quer é que cada mulher tenha consciência para se fortalecer, denunciar e evitar impunidade. O que acontecia antes é que elas apanhavam e ficavam no anonimato. Mas com cada vez mais informações, elas passaram a procurar ajuda e encorajando outras mulheres”.