Especialista tira dúvidas sobre mudanças propostas no sistema previdenciário brasileiro
Com a queda das taxas de natalidade, o aumento da expectativa de vida do brasileiro e as aposentadorias precoces, em torno dos 55 anos de idade, as contas da Previdência Social só tendem a se apertar. Diante disso, os jovens e os cidadãos em idade ativa que contribuem com o INSS para se aposentar vão, daqui a um tempo, passar só a receber. Mas quem vai cobrir as despesas com os gastos dos beneficiados se haverá cada vez menos jovens contribuindo no mercado de trabalho e mais aposentados? A economista chefe da ARX Investimentos Solange Srour explica em que a queda de natalidade influencia nas contas do governo e porque a União tanto precisa aprovar uma reforma previdenciária.
“As pessoas estão envelhecendo mais, a expectativa de vida tem aumentado, mas, ao mesmo tempo, a natalidade tem caído. Hoje, as mulheres estão tendo menos filhos, e a expectativa é de que isso continue. O que vai acontecer é que a população vai envelhecendo. O Brasil já está em uma população envelhecendo num ritmo muito rápido e isso só vai se agravar no futuro. Então no futuro a gente vai ter muito menos crianças, muito menos jovens e muito mais idosos. E a quantidade de trabalhadores que vão sustentar os idosos está diminuindo. O resultado é que o Brasil precisa fazer isso agora. Se postergar muito já não vai ser nem factível uma reforma da Previdência. Porque grande parte da população, em algum tempo, vai ser a população idosa.”
Atualmente, para cada 100 integrantes da População Economicamente Ativa, há 21 idosos em situação de dependência por aposentadoria. Aí mora o problema: com o aumento da expectativa de vida do país, esse número em 2060 deve ser de 63 para cada 100. Ou seja, haverá menos gente contribuindo com o INSS e mais gente dependendo dele pra receber.
Levando-se em conta a realidade atual, o gasto do governo com a Previdência deveria ser em torno de 4% do Produto Interno Bruto – que foi de quase R$ 1,8 trilhão. Mas foi pouco mais que o dobro, em 2016. Somam-se aí despesas com aposentadoria, pensões por morte, benefícios assistenciais e acidentários do INSS e de servidores da União. Para enxugar esses gastos, o governo federal espera que a Câmara vote e aprove a reforma previdenciária ainda este mês, antes do recesso parlamentar.
Fonte> Agência do Rádio