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 O paraibano Willians Araújo, que integra a seleção de judô paralimpico do Brasil, foi confirmado ontem pela Federação Internacional de Esportes para Cegos (IBSA – Sigla em inglês), como o primeiro do ranking mundial na categoria peso pesado. Aos 25 anos de idade, ele esteve nos Jogos Paralímpicos Rio 2016 e ajudou o País a conquistar quatro medalhas, todas de prata.

“Significa a concretização de um trabalho. Sempre falo isso, envolve muita gente, todos os profissionais que trabalham comigo, tanto da seleção, quanto daqui do Rio. Então é tudo fruto de um trabalho. Isso é uma semente que foi plantada há oito ou nove anos, e eu sonhei muito em chegar a uma medalha no Rio 2016, e estar em primeiro no ranking para mim é uma consequência”, vibrou Wilians Araújo que reside no Rio de Janeiro.

Além do paraibano, outros três brasileiros aparecem no Top 5 do ranking mundial. Lucia Teixeira (-57 kg) e Alana Maldonado (-70 kg), vice-campeãs paralímpicas, aparecem na terceira e segunda posições, respectivamente. Deanne Almeia, que por pouco não subiu ao pódio no Rio, é a quarta melhor ranqueada na divisão acima de 70 kg. Natural da cidade de Riachão do Poço, interior da Paraíba, o judoca Willians Araújo não omite a vida difícil que teve na infância e adolescência, até chegar aos dias atuais. Fez questão de dizer a jornalista que perdeu a visão aos dez anos, em sua terra natal, enquanto brincava com armas utilizadas para matar passarinhos.

Ainda jovem, foi morar no Rio de Janeiro, no Complexo do Alemão, na Zona Norte, em busca de uma vida melhor. As condições, porém, eram precárias. “Eu tinha vergonha da minha casa. Chovia e enchia tudo. Acordava e tinham ratos passando pelos meus pés”, disse Willians. O começo da mudança aconteceu de forma despretensiosa.

Em um ponto de ônibus, Willians conheceu Terezinha, espécie de “fada madrinha” do judoca. Ela pediu licença para passar e ele, sem enxergar, não percebeu o pedido. Funcionária do Instituto Benjamin Constant, que cuida de deficientes visuais, Terezinha logo percebeu a situação e ofereceu ajuda ao jovem. Ali sua vida mudou. “Ela falou que eu entrando para a escola poderia praticar esportes, aprender a ler e escrever, depois me formar em alguma universidade e viver como qualquer pessoa normal”, lembrou o judoca.

No Instituto, Willians, com 13 anos, passou pelo futebol e natação, mas se encontrou mesmo foi no judô. Em um ano na modalidade, foi campeão de uma paralimpíada escolar. O título foi a porta de entrada para o alto rendimento. Em um torneio, mesmo na faixa amarela, foi terceiro lugar lutando contra rivais na faixa preta.

O paraibano evoluiu a ponto de chegar até a seleção brasileira paralímpica. Em Londres 2012, disputou os Jogos Paralímpicos, e conseguiu um quinto lugar. Agora, depois de ajudar a família a ter uma vida melhor através do esporte, ele é um dos principais nomes do judô paraolímpico nacional, sempre presente nos pódios. Foi prata nas Paralimpíadas do Rio de Janeiro (2016), bronze no Mundial Paralimpíco, nos Estados Unidos e medalha de ouro também no mundial, por equipe. Um atleta que muito tem a dar para o sucesso do judô paraolímpico brasileiro, conforme o Comitê Paralímpico Brasileiro – CPB.

Orgulhoso do caminho que seguiu, Willians sorri mesmo é quando se lembra de tudo que passou e das condições de vida que conseguiu dar para os pais, os tirando da situação precária que viviam. “Meu maior troféu foi dar uma casa para meus pais e tirar eles de uma área de risco. Hoje, conseguem viver tranquilamente”, disse ele, que também ajuda a pagar a faculdade de pedagogia da irmã.

Redação com assessoria

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