A Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) inaugurou na manhã desta quarta-feira (28), dentro do Presídio Regional Feminino de Campina Grande, localizado no bairro do Serrotão, as instalações para atendimento clínico das reeducandas que ali cumprem pena. As atividades do consultório acontecerão através de uma parceria entre a UEPB e a Secretaria de Estado da Administração Penitenciária (SEAP) para viabilizar assistência às internas no que se refere à saúde feminina.
Atualmente, 110 mulheres serão beneficiadas com a clínica, que atende todos os critérios exigidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e é fruto de um projeto iniciado em 2010, através de financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e do Programa de Pesquisa para o Sistema Único de Saúde (PPSUS). Em 2016 as ações foram vinculadas às pesquisas do Mestrado em Saúde Pública.
Para o reitor Rangel Junior, este é um trabalho diferenciado do ponto de vista do comprometimento e por ser uma atividade social relevante, fundamentado numa leitura de mundo e de sensibilidade de quem coordena as ações presentes. “O passo que damos hoje é pequeno, mas tenho certeza de que ele já contribui com o que virá depois, tornando os dias de quem aqui vive menos penosos e mais saudáveis”, frisou.
De acordo com a professora de Enfermagem, Gabriela Costa, uma das idealizadoras do projeto, para que as detentas pudessem ser atendidas, era necessário transportar até o presídio todo o material necessário para as consultas e coletas, desde a cama até os instrumentos. “A construção desde consultório contou com 100% dos recursos da UEPB, que realizou toda adaptação da estrutura física, aquisição do mobiliário e tudo o mais necessário para o funcionamento. Agora contamos com a parceria da Secretaria de Estado da Administração Penitenciária (SEAP) e da Secretaria de Saúde para que possa efetivamente funcionar”, disse a professora.
“Buscamos cumprir o desafio de proporcionar uma assistência mais humanizada às reeducandas, movendo ações que concedam mais dignidade e atendimento qualificado às mulheres”, acrescentou a professora Eloíde André, também idealizadora do projeto, destacando que as pessoas até podem ser privadas de liberdade, mas não de acesso à saúde.
Mais agilidade e segurança
A instalação do consultório no presídio trará uma série de benefícios não apenas para as apenadas, mas para o sistema penitenciário feminino como um todo. “Até então os atendimentos eram feitos de forma improvisada e a partir de agora as detentas terão acesso a um ambiente equipado, capaz de realizar consultas, coletas de material para exames e até o pré-natal das gestantes”, explicou Auristela Camelo, diretora do presídio feminino. “Isso melhora também a questão da segurança, pois evita as saídas constantes para as clínicas fora do presídio, o deslocamento de pessoal que as acompanha e facilita a urgência nos tratamentos”, acrescentou.
A opinião também é compartilhada pela reeducanda Aparecida Silva. “Antes era mais complicado ir para uma consulta e se tinha alguma urgência tínhamos que ir diretamente para o hospital, o que era mais difícil. Melhorou muito depois da UEPB se unir aqui com a direção da Unidade”, falou. Estiveram presentes na solenidade de inauguração o reitor da UEPB, professor Rangel Junior; a pró-reitora estudantil Núbia Martins; as professoras do Departamento de Enfermagem, Gabriela Costa e Eloíde André; a diretora do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS), Alessandra Teixeira; a assistente social Marisete dos Santos; o enfermeiro Tiago José da Silva e a psicóloga Ana Karine Gonçalves dos Santos.
Representando o sistema prisional regional estiveram o diretor da Penitenciária Padrão, Alexandre Gomes; a coordenadora de Saúde Prisional, Isadora Araújo; o diretor do presídio do Monte Santo, Ancelmo Vasconcelos Costa; o representante da Gerência de Ressocialização, Celso Bezerra, e o gerente de Atenção Básica de Campina Grande, Miguel Dantas. A fita inaugural foi cortada pela reeducanda Roseane Rúbia, junto ao reitor e ao promotor de justiça de execução penal, Otacílio Marcos Cordeiro.
Texto: Giuliana Rodrigues
Fotos: Paizinha Lemos